A vereadora de Araras (SP) Deise Aparecida Olímpio de Oliveira (União Brasil) foi denunciada por homofobia por movimentos LGBTQIA+. Eles alegam que ela usou a palavra “aberração” para se referir à comunidade, no plenário da Câmara.
A declaração foi dada na sessão ordinária de 19 de junho durante a votação de uma moção de repúdio proposta pela frente parlamentar cristã à participação de crianças e adolescentes em ações de apoio ao Dia do Orgulho LGBTQIA+ (veja vídeo acima).
“Todos os vereadores que se colocarem contrários a essa aberração ficam convidados a assinar conosco pra dar força, pra dar peso e evitar lamentavelmente episódios como esse”, afirmou Deise.
A moção foi aprovada por 10 votos favoráveis. A vereadora disse que não fez discurso de ódio e que todas as pessoas devem ser respeitadas (veja mais abaixo).
Indignação e revolta
A declaração da vereadora causou indignação entre representantes de movimentos que defendem a causa LGBTQIA+, que denunciaram a parlamentar por LGBTfobia na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância.
O estudante trans Nataniel de Freitas Araujo, de 17 anos, ficou revoltado com a fala da vereadora.
“Me senti atingido. Já ouvir muitas coisas na escola, me senti como uma monstruosidade. O que eu espero é que ela olhe nos nossos olhos e diga ‘Eu errei, desculpa e não vou fazer isso de novo’.”
O advogado que representa o coletivo LGBTQIA+ de Araras denunciou a vereadora ao Ministério Público. O MP disse que a denúncia foi registrada, distribuída com atribuição criminal e está em análise.
Em um documento enviado à presidência da Câmara Municipal de Araras, a ONG Somos pede abertura de inquérito pra investigar uma suposta quebra de decoro parlamentar da vereadora.
“São várias falas, mas a da aberração pega mais forte. A palavra traz um peso maior. Esse peso pra comunidade LGBT da cidade traz o peso do preconceito que a gente sofre aqui”, afirmou a coordenadora da ONG Somos, Ana Carla Tozzo.
A presidente da Câmara, Mirian Vanessa Pires (PSB) publicou uma nota dizendo que é seu “dever receber toda e qualquer demanda da população e abrir espaço para suas reivindicações”.
“Conversei com os representantes do grupo, reiterando que as portas do Legislativo estão abertas para todos, quer para tratarmos de assuntos pessoais, quer para questões coletivas. Recebi o documento protocolizado pelo Coletivo LGBTQIA+, e determinei seu regular processamento para que sejam tomadas todas as providências cabíveis”, afirmou.
O que diz a vereadora
A EPTV Central, afiliada da TV Globo, procurou a vereadora, que alegou que não poderia dar uma entrevista porque tinha outro compromisso. Por nota, ela alegou que não fez discurso de ódio, homofóbico ou transfóbico e que todas as pessoas, independentemente de raça, credo e gênero, devem ser tratadas com respeito e consideração.
Disse ainda que se colocou à disposição dos movimentos LGBTQIA+ para conversarem amigavelmente e, segundo ela, o convite não foi aceito.
*Matéria reproduzida do site G1/São Carlos