23/11/2024
Cidade Educação

Variedades de cana resistentes à doença causada por fungo são identificadas em estudo da UFSCar em Araras

Uma pesquisa desenvolvida no Grupo de Estudos em Biotecnologia de Plantas (GEBPlant), com apoio do Programa de Melhoramento Genético da Cana-de-açúcar do campus Araras (SP) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) usou um marcador molecular – espécie de assinatura genética – para identificar variedades de cana-de-açúcar resistentes à ferrugem alaranjada.

Segundo os pesquisadores, o estudo indicou que esta pode ser uma ferramenta molecular importante na busca por novas cultivares resistentes à doença.

Ferrugem alaranjada
A ferrugem laranja ou alaranjada é causada por um fungo e ataca algumas variedades de cana-de-açúcar, interferindo na fotossíntese e comprometendo o desenvolvimento e produtividade da planta.

Diferentemente de uma bactéria, por exemplo, em que é possível ter maior controle do ambiente para evitar proliferação, o fungo é facilmente espalhado pelo ar – por isso a importância de se criar cultivares resistentes a ele.

A doença foi relatada em países da Ásia, Oceania, África, América do Norte e América CentralNo Brasil, foi oficialmente detectada em 2009, na região de Araraquara.

Possibilidade de novas variedades
Variedades de cana-de-açúcar produzidas pela UFSCar cobrem 64% da área canaviera de SP e MS — Foto: PMGCA-UFSCar/Divulgação
Variedades de cana-de-açúcar produzidas pela UFSCar cobrem 64% da área canaviera de SP e MS — Foto: PMGCA-UFSCar/Divulgação

O trabalho foi realizado por Ícaro Fier, que se formou em Biotecnologia pela UFSCar, sob orientação da docente no Departamento de Biotecnologia e Produção Vegetal e Animal (DBPVA-Ar) Monalisa Sampaio Carneiro.

A pesquisa constatou que o marcador molecular G1, que havia sido testado apenas em variedades de cana originárias dos Estados Unidos, é também fator de resistência à ferrugem alaranjada em 10 das 24 cultivares brasileiras testadas. Este é o primeiro estudo do país que analisa esse marcador em cultivares brasileiras.

Os resultados mostraram que a eficiência do marcador G1 em prever a resistência foi de 71,43%. Além disso, na média geral, a redução na severidade da doença foi de 35% quando o marcador G1 estava presente.

“Em um primeiro momento, avaliamos em campo a resistência à ferrugem alaranjada dessas cultivares. Depois, verificamos a frequência do marcador G1 junto às cultivares, para analisarmos se esse marcador auxilia em uma resistência ainda maior a esta ferrugem”, explicou a professora.

As cultivares resistentes e com a presença do marcador G1 podem ser aproveitadas no processo de melhoramento para realizar novos cruzamentos e, assim, obter variedades que combinem também esse tipo de resistência à ferrugem alaranjada, criando o que os cientistas chamam de resistência durável.

“Essa resistência durável é um dos objetivos do nosso programa de melhoramento genético, que é o maior do país-, que é de liberar cultivares resistentes às principais doenças da cana-de-açúcar, tendo, assim, maior durabilidade comercial e boas condições de produtividade”, afirmou Monalisa.

Outra vantagem de variedades mais resistentes é a baixa necessidade do uso de produtos químicos para combater doenças.

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