07/06/2025
Cultura Destaque

Tradição das festas juninas nas escolas perde força e preocupa educadores e pais

As tradicionais festas juninas, por décadas celebradas com quadrilhas, trajes típicos, correio elegante e música caipira, vêm perdendo espaço nas escolas brasileiras. Em vez das danças com “parzinhos” e do clima de interior, cada vez mais instituições têm optado por eventos mais genéricos, com coreografias modernas, músicas populares do momento e pouca ou nenhuma referência ao folclore junino.

Pais e educadores relatam que a essência da festa está sendo descaracterizada. Em muitas escolas, a tradicional quadrilha foi substituída por apresentações padronizadas, músicas sem relação com as origens da comemoração e a eliminação da ideia de formar pares — medida que, segundo algumas direções escolares, busca evitar “constrangimentos afetivos” entre os alunos.

A retirada de símbolos religiosos, como as homenagens a Santo Antônio, São João e São Pedro, também tem sido frequente. Em nome da neutralidade, escolas têm evitado menções aos santos juninos, mesmo sendo eles parte histórica e cultural da celebração no país. “Transformaram a festa em um evento cultural genérico. Perdeu-se o cheiro de pipoca, o barulho da sanfona e o aprendizado sobre as tradições do Brasil”, comenta uma professora da rede pública.

Educadores mais antigos afirmam que a festa junina sempre foi uma oportunidade educativa: alunos aprendiam sobre as regiões do Brasil, o modo de vida rural, a importância da coletividade e a valorização da cultura popular. Hoje, com a descaracterização da celebração, parte desse conteúdo se perde. “A gente vê apresentações bem montadas, com músicas internacionais, passos de dança moderna, mas sem nenhuma conexão com a história da festa. Falta raiz”, desabafa uma mãe de aluna, que não quis se identificar.

Embora algumas escolas ainda resistam e mantenham a tradição viva, promovendo barracas típicas, casamento caipira e até fogueiras simbólicas, a mudança de perfil é percebida como uma tendência crescente.

Para muitos, o desafio está em equilibrar a modernização com a preservação cultural. “Não é questão de voltar ao passado, mas de não esquecer de onde viemos. As festas juninas precisam evoluir, mas sem perder sua alma”, resume um pai de aluno, saudoso das danças de parzinho e da animação inocente de outros tempos.

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