Com a ampla vantagem de Tarcísio de Freitas (Republicanos) sobre Fernando Haddad (PT) nas pesquisas de intenção de voto — 49% a 40% no levantamento de quarta-feira do Datafolha —, a campanha do bolsonarista está tomada por um clima de otimismo e já começa a discutir nos bastidores a formação de governo. Enquanto isso, o petista, em busca da virada, foca sua atuação na Grande São Paulo, onde o partido tem historicamente bom retrospecto.
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Embora tenha evitado até o momento se comprometer com promessas de cargos a aliados, Tarcísio já olha para 2023. Há debates, por exemplo, entre PL, Republicanos e PSDB, sobre quem deve ficar com a presidência da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), hoje ocupada pelo tucano Carlos Pignatari, que deverá buscar a reeleição. O PL de Valdemar Costa Neto, que tem a maior bancada, porém, pleiteia o posto.
Quanto ao secretariado, o ex-ministro da Infraestrutura já declarou que deverá ter o coordenador do plano de governo, Guilherme Afif Domingos, no primeiro escalão. Outros nomes citados publicamente são Eleuses Paiva, para a Saúde, e Rafael Benini, cotado para a área da infraestrutura. Em entrevista a um podcast semana passada, Tarcísio citou Rosana Valle como “uma grande possibilidade”, alguém que “com certeza” estará no secretariado.
Apesar de já terem mencionado alguns nomes, inclusive publicamente, o candidato e seus coordenadores negam o clima de “já ganhou” e dizem trabalhar para ampliar a vantagem eleitoral no estado, especialmente em regiões onde Haddad venceu no primeiro turno, casos da capital e da Região Metropolitana.
O candidato vai intensificar esforços para conquistar votos na Grande São Paulo, com a realização de eventos. Aliados apostam que a máquina pode ajudar a virar o jogo tanto para Tarcísio como para Bolsonaro. Os prefeitos de Guarulhos, Gustavo Costa (PSD); São Bernardo do Campo, Orlando Morando (PSDB); e Santo André, Paulo Henrique Serra (PSDB), são vistos como vitais para uma possível virada na Região Metropolitana.
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Quanto ao voto do interior, a avaliação é que o evento realizado com 400 prefeitos e vereadores em São Paulo, na quinta-feira, ajuda a manter a base mobilizada. A maior parte desse apoio foi herdada do governador Rodrigo Garcia (PSDB), cujo grupo político também pleiteia espaço no governo.
A campanha de Haddad também vai priorizar agendas na Região Metropolitana, para tentar evitar ou minimizar eventuais perdas de votos para Tarcísio em um antigo reduto eleitoral da esquerda. Segunda-feira, Haddad estará com Lula em Osasco. Lá, ambos venceram no primeiro turno, mas com pequena margem ante Bolsonaro e Tarcísio.
Obstáculos no interior
Estrategistas avaliam que a desvantagem de Haddad na disputa se dá, sobretudo, pela dificuldade da esquerda no interior do estado e da ausência de Lula durante a campanha na região, que reúne mais votos que a capital e seu entorno. O líder petista só marcou presença até agora em Campinas e não há previsão de viagens nos próximos dias. Ainda assim, na terça-feira Haddad deve ir a Ribeirão Preto, onde o PT já comandou a prefeitura.
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O interior tem 18,12 milhões de eleitores, contra 16,45 milhões da capital e Região Metropolitana. Em 2018, João Doria derrotou Márcio França (PSB) com margem apertada: 51,75% dos votos válidos, contra 48,25%. O tucano venceu em 60% das cidades do interior e foi eleito, mesmo perdendo na capital.