A entrevista de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o Jornal Nacional, da TV Globo, foi, até agora, a que mais gerou impacto nas redes sociais, chegando a ocupar 19 dos 20 termos mais citados no Twitter no Brasil. De acordo com uma pesquisa da Quaest, a sabatina do petista no principal telejornal do país atingiu 15 milhões de internautas com postagens sobre o tema, contra 9 milhões na de Jair Bolsonaro (PL), primeiro a participar do programa, e 2 milhões com Ciro Gomes (PDT). Nesta sexta-feira, Simone Tebet (MDB) fecha a série de entrevistas.
Parte da repercussão veio após tiradas espirituosas do ex-presidente, como quando citou o jogo entre Flamengo e São Paulo, ocorrido na véspera da sabatina, ou na resposta em que disse estar com ciúmes de Geraldo Alckmin (PSB), candidato a vice na chapa petista. Entre os críticos, reverberaram momentos como o que Lula apareceu lendo anotações ao comentar os escândalos de corrupção em governos do PT.
Churrasco, picanha e cervejinha
Uma das passagens de maior repercussão de toda a entrevista foi quando, ao tratar da situação econômica do país, Lula fez um aceno direto ao eleitorado mais pobre. “O povo tem que voltar a comer um churrasquinho, a comer uma picanha e tomar uma cervejinha”, afirmou o petista.
Leitura ao falar de corrupção
A pergunta que abriu a entrevista foi sobre a Operação Lava-Jato, lembrando os desvios constados na Petrobras durante governos petistas. Ao falar de corrupção, Lula iniciou a resposta lendo, o que chamou a atenção dos internautas.
Ciúmes de Alckmin
Ao fim da entrevista, o nome de Geraldo Alckmin, candidato a vice na chapa petista, ocupava o segundo lugar nos Trending Topics do Twitter, atrás apenas do próprio Lula. Uma das apostas da campanha do ex-presidente para atrair votos mais ao centro, o antigo rival — os dois foram adversários na eleição de 2006, quando Lula reelegeu-se — foi citado várias vezes ao longo da sabatina. Em uma delas, o petista afirmou que estava “com ciúmes” do ex-governador de São Paulo por conta da boa recepção que ele havia recebido entre seus correligionários. O comentário repercutiu até mesmo fora do eleitorado petista.
Paulo Freire
Ainda na pergunta sobre as reações da militância petista à escolha de Geraldo Alckmin como vice, o ex-presidente disse que aprendeu a negociar e citou um alvo constante do presidente Jair Bolsonaro e de seus apoiadores: “Tem uma frase de Paulo Freire que é fantástica, que eu utilizei pra mostrar aos militantes a entrada de Alckmin no PT. ‘De vez em quando, a gente precisa estar junto com os divergentes para vencer os antagônicos.’ E, agora, nós precisamos vencer o antagonismo e o fascismo da ultradireita.”
A frase exata de Paulo Freire é: “De vez em quando, a gente precisa estar junto com os divergentes para melhor enfrentar os antagônicos”. Ela, de fato, já havia sido usada por Lula no discurso que fez em São Paulo quando foi lançada sua chapa com Geraldo Alckmin.
Agro fascista
Na sétima posição dos Trending Topicas do Twitter ao fim da entrevista, aparecia o termo “agro”. Em dado momento da sabatina, Lula afirmou que parte do agronegócio é “fascista e direitista”. A declaração foi mal recebida pelo setor.
Futebol
Ao frisar a importância do respeito entre adversários políticos, Lula fez uma analogia citando dois atletas de futebol: Rafinha, do São Paulo, e Filipe Luís, do Flamengo. Na partida válida pela Copa do Brasil, ocorrida na véspera, os dois jogadores protagonizaram um momento curioso em campo. Filipe, que é muito amigo de Rafinha, chegou provocando, apertando bochecha. Rafinha tirou ele de perto. Filipe insistiu e o “agarrou”. Pensaram que era confusão, mas Filipe respondeu rindo: “É meu amigo”.
Em outro momento, ao ser perguntado sobre o tom raivoso adotado por parte da militância petista, Lula voltou a recorrer a uma metáfora futebolística. “A torcida do Vasco é nós, e a do Flamengo é eles”, exemplificou o ex-presidente. A frase gerou piadas nas redes sociais.
‘Bobo da corte’
Outro termo que figurou entre os mais citados no Twitter foi “bobo da corte”. A expressão foi usada por Lula para se referir ao presidente Jair Bolsonaro ao discorrer sobre o chamado orçamento secreto, instrumento criado no Congresso durante o atual governo que permite a destinação de verbas diretamente por parlamentares.