Durante a inauguração do primeiro trecho do Ramal do Apodi, em Cachoeira dos Índios, no sertão da Paraíba, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que “Deus deixou o sertão sem água porque sabia que eu seria presidente da República e traria água para cá”. A declaração foi feita nesta quarta-feira (28), durante cerimônia de entrega de mais uma etapa da transposição do Rio São Francisco, projeto iniciado ainda em seu primeiro mandato.
A obra, parte do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), tem como objetivo garantir abastecimento de água a regiões historicamente castigadas pela seca no semiárido nordestino. Segundo o governo federal, a estimativa é de que mais de 12 milhões de pessoas sejam beneficiadas com a chegada da água, sobretudo em áreas rurais.
No discurso, Lula destacou o impacto social da obra e relembrou sua infância marcada pela seca. “Quando eu tinha sete anos, carregava potes d’água na cabeça. A seca é uma tragédia, mas a fome causada por ela é culpa da omissão dos governantes”, afirmou.
O presidente também anunciou a assinatura de uma ordem de serviço para ampliação da capacidade de bombeamento do Eixo Norte da transposição, com investimento de R$ 491,3 milhões. A medida visa acelerar o fornecimento hídrico em municípios do sertão da Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte.
A cerimônia contou com a presença de ministros, parlamentares e líderes locais. A fala de Lula, que combinou apelo religioso e político, repercutiu nas redes sociais e reacendeu o debate sobre o papel do Estado no combate à desigualdade hídrica no Nordeste.
O projeto de transposição do Rio São Francisco é a maior obra de infraestrutura hídrica da América Latina, oficialmente lançada em 2007, e vem sendo executada por etapas desde então.