O uso de cigarros eletrônicos, os chamados vapes, foi oficialmente relacionado à uma doença pulmonar rara, progressiva e irreversível: a bronquiolite obliterante. Conhecida popularmente como “pulmão de pipoca”, a condição causa inflamação e obstrução permanente dos bronquíolos, os menores canais das vias respiratórias, comprometendo gravemente a função pulmonar.
A descoberta acende um alerta em autoridades de saúde pública no Brasil e no mundo, especialmente diante do crescente uso desses dispositivos entre adolescentes e jovens adultos. Casos como o de Brianne Cullen, uma jovem de 17 anos nos Estados Unidos diagnosticada com a doença após três anos de uso contínuo de vape, têm chamado atenção da mídia e da comunidade médica internacional.
De acordo com especialistas, substâncias como o diacetil — usado para dar sabor amanteigado a alguns líquidos de vape — estão entre os principais vilões, sendo o mesmo componente que causou surtos da doença em trabalhadores de fábricas de pipoca nos anos 2000. Outro fator de preocupação é a EVALI (Lesão Pulmonar Associada ao Uso de Produtos de Cigarro Eletrônico ou Vaporizador), condição grave identificada em 2019, ligada ao uso de produtos com THC adulterados.
Apesar da proibição da venda e propaganda desses dispositivos no Brasil desde 2009, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ainda enfrenta dificuldades em coibir a circulação ilegal e o apelo crescente dos vapes entre os jovens. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o uso de cigarro eletrônico aumentou significativamente nos últimos anos, sendo visto como uma “alternativa menos nociva” ao cigarro tradicional — percepção que especialistas agora contestam com veemência.
A comunidade médica reforça que não existe uso seguro de vapes e que os riscos à saúde pulmonar são reais e muitas vezes irreversíveis. Médicos e instituições de saúde defendem campanhas de conscientização voltadas ao público jovem, além do endurecimento das fiscalizações sobre a comercialização clandestina desses dispositivos.
A recomendação é clara: quem nunca usou, não comece. E quem já usa, deve buscar orientação médica para parar o quanto antes.