19/05/2024
Brasil Destaque

Barragem 14 de julho se rompe no Rio Grande do Sul

A barragem da Usina Hidrelétrica 14 de julho, localizada entre os municípios de Cotiporã e Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, não suportou o grande acúmulo de água das chuvas dos últimos quatro dias e acabou rompendo, no início tarde desta quinta-feira (2). Houve ordem de evacuação das casas próximas ao local desde que o risco iminente de colapso havia sido detectado. Até agora, 13 pessoas já morreram em todo o estado por conta dos temporais.

O governador do RS, Eduardo Leite (PSDB), destacou que foi feito um trabalho preventivo desde quarta-feira para evacuação das áreas próximas à barragem e voltou a dizer que o momento é dramático no estado.

Nós recebemos há pouco a informação do rompimento da ombreira direita da barragem 14 de Julho, que fica em Cotiporã, na Bacia do Taquari Antas. Acreditamos que o efeito não vá ser de uma enxurrada, mas vai seguir o curso livre do rio em direção a Santa Bárbara e Tereza. A gente buscou fazer todo o trabalho possível para evitar o rompimento, mas não conseguimos nem ter acesso com helicópteros. O efeito vai ser de elevação do Rio Taquari e Bacia do Taquari Antas — disse o governador.

Nós fizemos evacuação, com alertas desde ontem, e as comunidades que não conseguimos evacuar, nós entramos em contato com lideranças. Estamos trabalhando para mitigar os efeitos. É uma situação dramática no Rio Grande do Sul, absolutamente excepcional, pior do que qualquer quadro que pudéssemos ter previsto e é preciso que todos se coloquem em segurança.

O rompimento é investigado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), responsável pela barragem, que informou que a estrutura já estava submersa e identificou uma movimentação mais turbulenta da água, possivelmente pelo comprometimento da chamada ombreira direita, uma das laterais onde a barragem está apoiada. A Companhia Energética do Rio Antas (Ceran), por sua vez, emitiu uma nota em que afirma que detectou o rompimento por volta das 13h40 desta quinta-feira.

“A Ceran informa que detectou às 13h40, do dia 2 de maio, o rompimento parcial do trecho direito da barragem da usina 14 de Julho, devido ao contínuo aumento da vazão do Rio das Antas e das fortes chuvas que atingem o estado do Rio Grande do Sul desde terça-feira (30). A Defesa Civil foi comunicada do ocorrido para tomadas de ações adicionais”, diz o comunicado. “O Plano de Ação de Emergência foi colocado em prática no dia 1 de maio, às 13h50, em coordenação com as Defesas Civis da região, com acionamento de sirenes de evacuação da área, para que a população local pudesse ser retirada com antecedência e em segurança. As barragens de Monte Claro e Castro Alves encontram-se em estado de Atenção e seguem sendo monitoradas”.

Barragem da Usina Hidrelétrica 14 de Julho: estrutura colapsou com a força das chuvas no Rio Grande do Sul — Foto: Editoria de Arte
Defesa Civil emite ‘orientação expressa’ de evacuação em municípios

A Defesa Civil do RS emitiu um comunicado reforçando que a barragem 14 de julho, em Cotiporã, está em processo de colapso e trabalha junto às forças de resposta, retirando as famílias de áreas de risco que ainda permaneciam nesses locais. Reiterou ainda que há orientação expressa para que, além de Cotiporã e Bento Gonçalves, os moradores dos municípios de: Santa Tereza, Muçum, Roca Sales, Arroio do Meio, Encantado, Colinas e Lajeado deixem áreas de risco e procurem abrigos públicos ou outro local de segurança para permanecer durante a elevação de nível do Rio Taquari.

De acordo com o órgão, as pessoas que não tiverem locais alternativos devem buscar informações junto à Defesa Civil da sua cidade sobre os abrigos públicos disponibilizados pelas Prefeituras, rotas de fuga e pontos de segurança.

Outras barragens são monitoradas

A Secretaria do meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) afirma que monitora, também, as estruturas de outras 13 barragens de usos múltiplos que estão em estado de alerta, cinco delas já em processo de evacuação: barragem Santa Lúcia, em Putinga; barragem São Miguel do Buriti, em Bento Gonçalves; barragem Belo Monte, em Eldorado do Sul; barragem Dal Bó, em Caxias do Sul; e barragem Nova de Espólio de Aldo Malta Dihl, em Glorinha.

A Aneel e o Operador Nacional do Sistema (ONS) acompanham a situação de outras cinco barragens de geração de energia elétrica no Estado que estão em atenção: Capigui, em Passo Fundo; Guarita, em Erval Seco; Herval, Santa Maria do Herval; Passo do Inferno, São Francisco de Paula; e Monte Carlo, Bento Gonçalves – Veranópolis.

Prefeitos reagem

De acordo com a Defesa Civil da cidade de Bento Gonçalves, é questão de tempo para que as enchentes se tornem ainda mais graves agora, tanto na cidade, quanto nos municípios vizinhos, com a elevação do Rio Taquari.

— Recebemos agora a informação da Ceram, que controla as barragens, que a barragem de 14 de Julho acabou de colapsar. A informação que precisamos passar a todos os moradores que vivem às margens dos rios das Antas e Taquari é sair o mais rápido possível desse local. A tendência é que suba de dois a quatro metros, essa é a tendência para os próximos minutos e horas — declarou o prefeito Diogo Segabinazzi.

 

Gisele Caumo, prefeita da cidade de Santa Tereza, vizinha à barragem, também fez um apelo para que moradores deixem o local.

— A barragem 14 de Julho foi rompida. Por favor, estou pedindo, se tiver ainda alguém em Santa Tereza que está em área de risco, por favor, se desloque para os municípios vizinhos ou venha aqui para o salão da comunidade da Linha Graciema Baixa (local entre Bento Gonçalves e Santa Tereza, que faz parte da Comunidade Nossa Senhora das Graças).

Fonte: O Globo

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