O Brasil registrou um aumento no número de jovens entre 15 e 24 anos classificados como analfabetos funcionais, de acordo com o Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf) divulgado nesta semana. Os dados apontam que 28% dos jovens nessa faixa etária não conseguem interpretar textos simples ou realizar operações matemáticas básicas, mesmo sabendo ler e escrever palavras.
O levantamento revela uma reversão preocupante na trajetória educacional do país. Em 2019, o índice de analfabetismo funcional entre os jovens era de 24%, e a expectativa era de queda contínua — tendência observada desde 2001. No entanto, os efeitos da pandemia de Covid-19, somados à desigualdade social e à precariedade do ensino remoto, contribuíram para o agravamento do problema.
Especialistas ouvidos pela pesquisa apontam que a perda de vínculos escolares, o fechamento prolongado das escolas e o acesso limitado a tecnologias educacionais impactaram diretamente no aprendizado, principalmente entre estudantes de baixa renda. O problema é mais acentuado nas regiões Norte e Nordeste do país.
Em resposta aos dados, o Ministério da Educação informou que trabalha na criação de políticas públicas para recompor a aprendizagem e oferecer apoio pedagógico contínuo, especialmente nas redes municipais e estaduais. Iniciativas da sociedade civil também têm buscado reforçar o letramento e a alfabetização entre adolescentes e adultos.
O crescimento do analfabetismo funcional entre os jovens brasileiros acende um alerta sobre a urgência de investimentos estruturais e políticas educacionais consistentes, que garantam o direito à educação de qualidade e preparem os jovens para a vida em sociedade.