Denunciada por LGBTfobia por movimentos LGBTQIA+ por usar a palavra “aberração”, a vereadora de Araras (SP) Deise Aparecida Olímpio de Oliveira (União Brasil) disse na segunda-feira (3) que não cometeu nenhum crime.
“Homofobia é crime, transfobia é crime. Eu não proferi nenhum discurso de ódio, então eu não cometi nada que pudesse agredir essas pessoas. Pelo contrário, eu respeito a todas as pessoas”, disse a vereadora à EPTV, afiliada da TV Globo, durante sessão na Câmara.
Deise alegou que pretendia fazer boletim de ocorrência por conta de ameaças que diz ter sofrido e também se posicionou sobre o uso do termo “aberração”.
“Essa palavra foi dita não em relação às pessoas do movimento, as quais merecem respeito como eu já emiti em várias notas. Eu quis dizer em relação ao ato de se levar crianças para locais onde a faixa etária tem que ser respeitada. Então essa é a minha opinião, não em relação ao movimento. Pegaram a minha frase e distorceram no sentido como se eu estivesse atacando a orientação sexual, o movimento em si”, disse.
Polêmica
Movimentos LGBTQIA+ alegam que a vereadora usou a palavra “aberração” para se referir à comunidade. A declaração foi dada na sessão ordinária de 19 de junho durante a votação de uma moção de repúdio proposta pela frente parlamentar cristã à participação de crianças e adolescentes em ações de apoio ao Dia do Orgulho LGBTQIA+.
Todos os vereadores que se colocarem contrários a essa aberração ficam convidados a assinar conosco pra dar força, pra dar peso e evitar lamentavelmente episódios como esse”, afirmou Deise.
A moção foi aprovada por 10 votos favoráveis. A vereadora disse que não fez discurso de ódio e que todas as pessoas devem ser respeitadas.
A declaração da vereadora causou indignação entre representantes de movimentos que defendem a causa LGBTQIA+, que denunciaram a parlamentar por LGBTfobia na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância.
Manifestação
Na noite de segunda-feira, cartazes e faixas foram preparados antes da sessão ordinária. A pauta do dia ficou praticamente em segundo plano.
A comunidade LGBTQIA+ esperava um pedido de desculpas da vereadora. “Isso vem como um peso dentro do trabalho que eu faço de combate à violência, discriminação, que já existe na cidade. E a fala realmente fomenta todo esse ódio que a gente já combate dia a dia”, disse a estudante de psicologia Ana Carla Tozzo.
Deise Olímpio chegou a entrar no plenário antes de a sessão começar, mas ficou por pouco tempo e deixou o local. “Em razão da movimentação, das ameaças que estou sofrendo, então pela minha integridade física e emocional também”, disse a vereadora.
Do lado de fora, participantes da manifestação usavam instrumentos e cantavam músicas em tom de protesto. Em determinado momento, a presidente da Câmara, Mirian Vanessa Pires, foi pedir compreensão alegando que o barulho atrapalhava os trabalhos.
Em um primeiro momento o marido da vereadora disse que ela não daria entrevista, mas depois ela voltou atrás e conversou com a equipe de reportagem.
Mesmo não participando do início da sessão, a vereadora retornou ao plenário.
*Matéria reproduzida do Portal G1/São Carlos