A eleição do brasileiro Ilan Goldfajn para a presidência do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) gerou críticas do presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, e um desentendimento entre os governos do México e da Argentina.
Goldfajn foi eleito com 80,1% dos votos, derrotando os candidatos do Chile, México e Trindade e Tobago. A Argentina acabou desistindo da disputa antes do início da votação (veja mais abaixo).
López Obrador afirmou que a eleição do brasileiro foi lamentável e que “é mais do mesmo”. A eleição de Goldfajn significou a derrota do candidato mexicano, Gerardo Esquivel, economista de esquerda que é vice-governador do banco central de seu país.
“Não há mudança na eleição do diretor do BID. É mais do mesmo. É o que tem sido aplicado ao longo do período neoliberal. Eles (os presidentes) concordam com a aprovação dos Estados Unidos; ele é um membro do grupo econômico financeiro muito ligado ao conservadorismo e, sobretudo, à política neoliberal promovida pelo governo dos EUA”, afirmou López Obrador.
Crise entre Argentina e México
Segundo a mídia argentina, houve um desentendimento entre Argentina e México que acabou favorecendo o Brasil.
A Argentina queria lançar uma candidata ao posto, a economista Cecilia Todesca. A princípio, o México iria apoiar a candidatura de Todesca.
No entanto, o governo mexicano acabou lançando seu próprio candidato (Gerardo Esquivel). Quando isso aconteceu, a Argentina retirou a candidatura de Todesca e passou a apoiar Goldfajn, do Brasil —de acordo com os jornais argentinos, nessa negociação, o país vizinho acabou ficando com outros postos importantes no BID.
Até mesmo uma viagem do presidente argentino, Alberto Fernández, ao México teria sido suspensa por causa desse desentendimento entre os governos dos países: o jornal argentino “La Nación” ouviu uma pessoa próxima a Fernández que afirmou que houve descoordenação, e que agora há dúvidas a respeito da viagem.
A eleição para o BID
O poder de voto para eleger o chefe do BID varia de acordo com o número de ações de cada país. Os três principais contribuintes são os Estados Unidos (30% do capital), Brasil e Argentina (11,4% cada).
O candidato brasileiro teve o apoio de países com poder de voto relevante, como Estados Unidos, Argentina e Canadá. O nome de Goldfajn foi indicado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.
Após sua eleição, Goldfajn prometeu se concentrar no combate à pobreza e à mudança climática.
O primeiro brasileiro na presidência
O economista Ilan Goldfajn, de 56 anos, será o primeiro brasileiro a presidir o BID, uma das principais fontes de financiamento para o desenvolvimento econômico e social da América Latina e do Caribe.