O candidato à Presidência da República pelo PDT, Ciro Gomes, conhecido pelo discurso duro, evitou criticar adversários e focou em falar sobre o seu plano de governo, aproveitando bem os 40 minutos de entrevista ao Jornal Nacional, da Rede Globo, nesta terça-feira (23). Questionado sobre a agressividade em seu discurso contra concorrentes, Ciro disse estar aberto a reavaliar o seu tom, mas desconversou uma resposta mais ampla abordando que “a maior ameaça da democracia é o fracasso dela na vida do povo”.
Polarização
Ciro comentou a polarização política entre Lula e Bolsonaro, a qual chamou de “odienta”. Ele afirmou que a disputa eleitoral de 2022 tenta repetir “uma espécie de 2018”. Sobre o atual tensionamento entre o petista e o presidente, o ex-governador disse que “a ciência da insanidade é repetir as mesmas coisas e esperar resultados diferentes”.
Benefício de R$ 1.000
Ciro defendeu a taxação de grandes fortunas acima de R$ 20 milhões para financiar auxílio de R$ 1.000. “O que estou propondo é a perna de um novo modelo previdenciário. Então eu vou pegar o BPC, a aposentadoria rural de muitos brasileiros que ainda remanescem e não contribuíram no passado, o seguro desemprego, e pegar todos os programas de transferência de renda, especialmente o novo bolsa família, que é o auxilio brasil, transformar em um direito previdenciário constitucional, e essa consolidação da 290 bilhões de reais […] Essa conta fecha porque eu vou agregar um tributo sobre grandes fortunas, apenas nos patrimônios superiores a 20 milhões de reais”.
Ciro sobre democracia
“Eu pretendo unir o Brasil ao redor de um projeto. Nosso país vive hoje a mais grave crise social, econômica e política, e tenho certeza que a maior ameaça à democracia é o fracasso dela na vida do povo”.
Relação com o Congresso
Ciro Gomes disse que está disposito a negociar com qualquer parlamentar caso seja eleito. Ele disse, ainda, que Lula e Bolsonaro negociavam com o Congresso com base na “mesma corrupção que denunciavam”.
Brasil e Portugal
O pedetista afirmou que quer transformar os indicadores de qualidade de vida do Brasil equiparados aos de Portugal no período de 30 anos. “Minha tarefa é projetar o país para os próximos 30 anos. Eu quero transformar o Brasil num Portugal em termos de qualidade de vida”, disse o candidato.
Lei antiganância
Nas considerações finais, Ciro Gomes propôs uma “lei antiganância”, que beneficiaria pessoas que têm que pagar “por duas vezes uma mesma dívida”. Ou seja, o cidadão não pagará mais que o dobro do que pegou emprestado. “Eu quero colocar uma lei em vigor no Brasil que eu conheço da Inglaterra, que é assim: todo mundo do crédito pessoal, do cartão de crédito, do cheque especial, e etcetera, ao pagar duas vezes a dívida que tem, fica quitado por lei”.
Sabatinas no JN
As sabatinas do Jornal Nacional vão até a sexta-feira (26). No entanto, na quarta-feira (24), não haverá entrevista. Depois de Bolsonaro (ontem) e Ciro Gomes (hoje), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) será entrevistado na quinta-feira (25) e a senadora Simone Tebet na sexta (26).
A quarta ficou vaga após a desistência de André Janones, que seria candidato, mas resolveu apoiar Lula. Como a quarta é dia de futebol e o Jornal Nacional começa mais cedo, a Globo deixou a data vaga e antecipou a entrevista de Ciro. A ordem das sabatinas foi definida por sorteio.
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