Nove pacientes receberam órgãos com HIV no Rio de Janeiro, sendo que seis foram infectados. Dois receptores não foram infectados e um morreu após o procedimento.
O laboratório PSC Lab Saleme está sob investigação, porque erros nos exames feitos na clínica fez com que os pacientes recebessem transplantes de órgãos infectados com o vírus. Os técnicos Cleber de Oliveira Santos, Ivanilson Fernandes dos Santos e Jacqueline Iris Bacellar de Assis, além do ginecologista Walter Vieira, estão presos.
Os receptores dos órgãos são homens e mulheres, e estão recebendo tratamento em hospitais da Bahia e do Rio de Janeiro.
Foram dois doadores infectados com HIV: um homem de 28 anos e uma mulher de 40. Confira quais órgãos doados e quais pacientes infectados:
PRIMEIRO PACIENTE DOOU CORAÇÃO, RINS, FÍGADO E CÓRNEA
O homem de 28 anos HIV positivo doou órgãos para seis pacientes, sendo que quatro foram infectados e uma morreu após o procedimento.
Um homem de 61 anos, que recebeu doação de córnea no dia 2 de fevereiro, não foi contaminado. Já a mulher que morreu, paciente de idade não informada, recebeu o fígado do doador. Não há confirmação que o óbito tenha sido causado pelo transplante.
No dia 25 de janeiro, outros três pacientes foram transplantados. O coração foi recebido por um paciente de 45 anos. Os dois rins foram para uma mulher de 61 e outra de 60. Todos foram contaminados.
SEGUNDA PACIENTE DOOU RINS, FÍGADO E CÓRNEA
A segunda doadora doou quatro órgãos, sendo que uma das pacientes não foi infectada.
No dia 25 de maio de 2024, dois rins foram transplantados para dois pacientes: uma mulher de 50 anos e um homem de 43.
Já no dia 26, o fígado da segunda doadora também foi doado. O paciente transplantado foi um idoso de 76 anos.
Em junho, uma pessoa de gênero e idade não confirmadas recebeu a córnea esquerda da doadora. A paciente não foi infectada pelo HIV.
POR QUE PACIENTES QUE RECEBERAM CÓRNEAS NÃO FORAM INFECTADOS?
Os dois pacientes que receberam as córneas dos doadores com HIV não foram infectados. De acordo com a SBC (Sociedade Brasileira de Córnea) e o CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia), não há relato na literatura médica da transmissão do vírus por meio do transplante de córnea porque o órgão não possui vasos sanguíneos.
“Existe o risco potencial, mas é ínfimo, não temos conhecimento documentado de nenhum caso”, diz o presidente do CBO, José Álvaro.
O órgão é doado para pessoas com cegueira parcial ou total. “Quando a pessoa tem uma doença que altera a córnea, ela tem dificuldade em enxergar. Muitos desses casos precisam ser tratados com a substituição da córnea doente”, explica.
O sistema brasileiro de transplantes, segundo a SBC e o CBO, tem um alto nível de confiabilidade e transparência, sendo o maior sistema público do mundo.
“O que ocorreu no Rio de Janeiro foi um fato isolado, embora gravíssimo, decorrente do erro de exame sorológico realizado por um único laboratório, não correspondendo ao nível de excelência que se tem em toda a rede envolvida no sistema”, dizem as entidades em nota.
Fonte: Jornal de Brasília
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