A Polícia Civil do RJ e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) iniciaram nesta terça-feira (14) a segunda fase da Operação Resina, contra fraudes em desvio de cargas. A primeira etapa foi no dia 1º e mirou o furto de matérias-primas para garrafas PET. Desta vez, os alvos são receptadores de ferro, alumínio e aço, em um prejuízo de pelo menos R$ 2 milhões.
Agentes saíram para cumprir 21 mandados de busca e apreensão em endereços na capital, em Niterói e no município paulista de Rio Claro. De acordo com as investigações, o grupo criminoso atuava comunicando falsos roubos de cargas para encobrir o esquema fraudulento.
Segundo as investigações da 61ª DP (Xerém), foram pelo menos 15 falsas comunicações de crime. Uma delas foi feita dois dias antes da primeira fase da operação. Os investigados noticiaram falsamente na 42ª DP (Recreio dos Bandeirantes) um roubo de carga de vergalhão, supostamente ocorrido na divisa entre os municípios de Duque de Caxias e Petrópolis.
Mas, segundo as investigações, era uma farsa, e a carga de aço, avaliada em R$ 150 mil, foi destinada a empresários da Zona Oeste do Rio. A investigação identificou ao menos duas dezenas de roubos que não ocorreram.
Maior fabricante de PET foi lesada
Segundo o MPRJ, o bando também furtou 200 toneladas de resina PET PCR (Pós-Consumo Reciclada) da sociedade empresária CPR Indústria e Comércio de Plásticos, localizada em Xerém. A CPR é uma empresa especializada na fabricação dessa resina e possui a maior produção de garrafas PET do Brasil, em torno de 100 milhões de garrafas por mês. “Essa quadrilha tinha uma característica interessante: eles usavam os funcionários da própria empresa e dali faziam conexões com pessoas de fora para desviar a carga”, afirmou a delegada Juliana Emerique, durante a primeira fase.
Foram identificados dois núcleos: funcionários da própria empresa CPR e empresários proprietários de transportadoras e motoristas, cooptados para noticiar falsamente o crime de roubo. Preso com uma pistola, Achilles Coelho Alamo é apontado como coordenador do golpe. “Ele tinha uma participação muito ativa. Ele coordenava as saídas e escolhia as mercadorias que seriam fretadas”, disse a delegada.
Dois motoristas por golpe
Um dos esquemas usava uma plataforma online de transporte rodoviário de carga. Empresas publicavam solicitações de fretes nesse site enquanto os motoristas procuravam demandas compatíveis com seus caminhões. Após a negociação do frete e carregamento do baú, outro motorista assumia a direção do veículo e desviava a carga para os receptadores. Já o primeiro motorista ficava como responsável por comparecer em sede policial para realizar um registro de ocorrência, afirmando que teria sido roubado. “As fraudes cometidas pelo grupo ocasionam a supernotificação dos indicadores de roubo de carga e afetam negativamente o setor produtivo, elevando os custos relativos ao frete, gerando perda de competitividade. Também causam prejuízo à sociedade, por conta do aumento do preço final das mercadorias, com danos à indústria, ao transporte, revendedores e consumidores”, afirma a força-tarefa.
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