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MP muda atropelamento da triatleta Luisa Baptista para tentativa de homicídio por dolo eventual

O Ministério Público de São Carlos (SP) mudou a tipificação do atropelamento da triatleta Luisa Baptista para tentativa de homicídio por dolo eventual (quando se assume o risco de matar) por parte do motociclista Nayn José Sales. O caso havia sido investigado pela Polícia Civil como lesão corporal culposa (quando não há intenção) na direção de veículo automotor.

O inquérito foi finalizado pelo 1º Distrito Policial de São Carlos (SP) em no final de julho. Sales, que não tem carteira de habilitação, disse não se lembrar exatamente o que aconteceu e se sentir arrependido.

Mas o MP, após receber a o resultado da investigação, pediu novos documentos e exames. Com a chegada dos resultados, o órgão resolveu pela modificação da classificação do crime.

O que dizem as partes

Em maio, os advogados da triatleta, que é de Araras (SP), já haviam entrado com uma petição no Ministério Público para mudar a tipificação do inquérito que apurava seu atropelamento.

O promotor de Justiça de São Carlos, Daniel Henrique Silva Miranda, analisou os depoimentos, documentos, provas e entendeu que o atropelamento era mais do que lesão corporal e mudou para tentativa de homicídio por dolo eventual.

No processo, o promotor argumentou que Nayn, assumindo o risco de produzir o resultado morte, provocando lesões corporais de natureza grave na triatleta.

Ele ainda diz que as circunstâncias indicam que Nayn assumiu o risco de produzir o resultado morte com sua ação, pois não era habilitado. Ele tomou a direção de veículo automotor mesmo após ter participado de festa open bar durante a madrugada, trafegou em velocidade acima da permitida por trecho perigoso de rodovia pública, logo após curva acentuada devidamente sinalizada na contramão de direção.

Já o advogado de defesa de Sales, Roquelaine Batista dos Santos, concordou com a tipificação dada pela Polícia Civil e diz que não houve dolo eventual.

“Ele saiu para trabalhar, não saiu com a intenção de lesar ou matar alguém. Não tem carteira de habilitação é uma infração administrativa, tem muitas pessoas que conduzem muito bem, mas não tem a CNH. A questão de velocidade é técnica pericial e nada disso está constatado. Foi uma lástima, machucou uma pessoa que nos representa muito bem nas Olímpiadas, Nayn está muito sentido por isso, mas foi uma fatalidade”, afirmou.

A defesa de Sales disse que houve excesso acusatório e não há razão de levar Sales ao tribunal do júri.

“Ele seguia na mão certa da direção, sem alta velocidade – não foram obtidos elementos técnicos que subsidiasse para dizer que Nayn estava em alta velocidade. Não há, nos exames legais, que ele tivesse consumido bebida alcoólica. O único fato que pesa seria a falta de habilitação que para o fim de processos não teria tanto peso, uma vez que é infração administrativa. E as informações de que ele vinha na contramão não são suficiente para fazer a denúncia e isso vai ser questionado a partir do momento que Nayn seja citado para apresentar a resposta à acusação.”

Triatleta pediu mudança do crime

Quando o inquérito foi concluído, Luisa se disse estava indignada com a tipificação do crime e pedia que o MP pudesse mudar

“Agora, aguardamos a posição do Ministério Público. O investigado, que me tirou das olimpíadas desse ano, estava em alta velocidade, na contramão, dormiu poucas horas e nem possuía habilitação”, afirmou.

Atropelamento aconteceu em dezembro de 2023

O atropelamento aconteceu em 23 de dezembro de 2023, na Estrada Municipal Abel Terrugi (SCA-329), no distrito de Santa Eudóxia, em São Carlos.

Sales disse à polícia que no momento do acidente estava indo trabalhar. Ele reconhece que na noine anterior havia ido a uma festa open bar em uma casa noturna e chegou em casa por volta das 4h30, dormindo pouco. Ele afirmou ainda que não havia ingerido bebida alcoólica na festa.

Bicicleta da triatleta Luisa Baptista ficou destruída após acidente em São Carlos — Foto: Ely Venancio/EPTV

Sobre não ter CNH, ele disse que já tinha iniciado o processo na autoescola. “Tinha completado o cursinho, mas, por falta de tempo e questão financeira – a firma que eu trabalhava faliu e troquei de serviço, não terminei”, contou ao g1 em março.

Luisa teve ferimentos em quase todo o lado direito do corpo, perfurações no pulmão e fraturas expostas na mão e na perna. Ela deu entrada no hospital em choque hemorrágico grave, o coração chegou a parar por oito minutos.

Depois de passar pela Santa Casa de São Carlos e pelo Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), a atleta foi transferida para o Hospital São Luiz – Itaim, na Zona Sul da capital paulista.

A triatleta passou dois meses em coma, mas conseguiu se recuperar e recebeu alta hospitalar em 1º de abril, 100 dias após ser internada.

Triatleta Luisa Baptista dá primeiros passos em hospital de SP após acidente em São Carlos — Foto: Reprodução/Instagram

A triatleta seguiu o processo de reabilitação em uma clínica em São Paulo e passou por um procedimento cirúrgico para a colocação de uma prótese no quadril.

No início de junho, Luisa finalmente voltou para sua casa, em Araras (SP). Em julho, a triatleta foi para os Jogos Olímpicos em Paris como parte da delegação brasileira como forma de incentivo aos atletas.

Fonte: G1

Cesar

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