A Justiça arquivou o inquérito policial que apurava a morte do ex-prefeito de Campinas Antonio da Costa Santos, o Toninho do PT. O crime completou 20 anos em 11 de setembro de 2021 e a decisão proferida nesta quarta-feira (16) pelo juiz José Henrique Rodrigues Torres, da Vara do Júri, atende ao requerimento do Ministério Público (MP).
O tempo transcorrido resulta, em tese, na prescrição do crime – o que significa que o autor do assassinato, ainda que identificado, não poderá ser punido.
“(…) infelizmente, caberá apenas à história desvelar os fatos em toda a sua inteireza, revelando os autores, partícipes e mandantes desse hediondo crime que infelicitou o nosso Estado de Direito Democrático”, escreveu Torres, em decisão que marcou ainda sua despedida da comarca.
Diante da falta de respostas do processo criminal, a família de Toninho acionou a Organização dos Estados Americanos (OEA) para pedir a condenação do estado brasileiro por omissão nas investigações do assassinato do político.
A denúncia foi encaminhada em março para Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e o advogado William Ceschi Filho espera pela análise sobre admissão dela até dezembro e posterior envio para a Corte.
O crime que tirou a vida do político durante o mandato foi abordado no ano passado pelo g1 no documentário “Toninho 20 anos: a verdade é demais para nós?” (ASSISTA ABAIXO). O conteúdo resgata memórias da história do arquiteto e da noite do crime; traz à tona documentos sob sigilo que contradizem versões oficiais e revelam falta de estrutura da polícia; e mostra as perspectivas do caso.
O caso Toninho
Aos 49 anos, o arquiteto foi morto na noite de 10 de setembro de 2001, por um disparo que o atingiu na artéria aorta quando ele saía do shopping Iguatemi, pela Avenida Mackenzie, e retornava para a casa. Toninho havia sido eleito em 2000 e estava no poder há oito meses quando ocorreu o crime.
Para a família, o assassinato teve motivação política. Eles se baseiam na atuação de Toninho, não só na prefeitura, mas ao longo da trajetória de vida. Antes de ser eleito, o petista moveu ações populares contra grandes empreiteiras, lutou pelo tombamento de prédios históricos em contraposição à especulação imobiliária, colaborou com a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Narcotráfico e denunciou supostas irregularidades no contrato do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT).
Segundo o MP, indícios apontam que o tiro que matou Toninho partiu de Anderson José Bastos, o “Ancio”, um sequestrador que integrava a quadrilha de Wanderson Nilton de Paula Lima, o “Andinho”. Ancio e outro comparsa foram mortos em Caraguatatuba (SP) por policiais civis de Campinas menos de um mês após o crime contra o prefeito. O MP não descarta motivação política para o caso, mas afirma que até hoje não foi possível chegar a indícios que apontassem esta tese.
O documentário
O documentário “Toninho 20 anos: a verdade é demais para nós?” foi produzido ao longo de cinco meses pela equipe de jornalistas do g1, da EPTV, afiliada da TV Globo, e com a captação e finalização em parceria com a LZP Produções. Além dos depoimentos de familiares, amigos, advogados e o juiz do caso, o vídeo conta também com o material inédito resgatado do acervo do Cedoc, também da EPTV, com imagens captadas na cobertura do crime à época.
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