Novembro um mês marcado por uma expectativa importante para quem trabalha com carteira assinada: é quando normalmente a maior parte dos empregadores pagam o 13° salário.
O pagamento do 13º salário este ano tem o potencial de injetar cerca de R$ 291 bilhões na economia brasileira, segundo estimativas do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O montante representa aproximadamente 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB).
O 13º salário é pago aos trabalhadores do mercado formal, por regime de Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), inclusive aos empregados domésticos; aos beneficiários da Previdência Social e aposentados e beneficiários de pensão da União e dos estados e municípios. Cerca de 87,7 milhões de brasileiros serão beneficiados com rendimento adicional, em média, de R$ 3.057, estima o Dieese.
Segundo dados da Serasa, o Brasil terminou o primeiro semestre deste ano com 71,45 milhões de inadimplentes, isto é, pessoas com alguma dívida em atraso. O valor médio no país é de R$ 4.924 por devedor.
Especialistas são unânimes em afirmar que, para quem estiver inadimplente ou envolvido em alguma dívida de juros altos, essa deve ser a prioridade ao receber o 13º salário.
“Se a pessoa estiver inadimplente, precisa priorizar dívidas que carregam risco real de perda de patrimônio. Entre um carnê de loja com juro de 9% e um carnê de financiamento do carro com 8%, deve priorizar o do carro, pois se não pagar, ela pode perder o patrimônio”, comenta a educadora financeira Carol Stange, especialista em investimentos e cofundadora da plataforma Educadores Financeiros.
Se não houver inadimplência em financiamentos que podem gerar perda de patrimônio, as dívidas de valor agregado mais alto devem ser priorizadas.
“As dívidas e contas priorizadas devem ser as mais caras, que em geral são as do cheque especial e do rotativo do cartão de crédito. É importante resolver esse problema e não deixar essas dívidas rolarem e se amontoarem. Se está tudo sendo pago em dia, dá para pensar em adiantar parcelas de outros financiamentos para você ter folga financeira lá na frente”, recomenda Écio Costa, professor titular de Economia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e consultor de empresas.
Cerca de 90% dos trabalhadores brasileiros têm renda mensal abaixo de cinco salários mínimos. Essa fatia majoritária da população, segundo Fernando Nogueira da Costa, professor do departamento de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), deve usar o 13º salário para pagar dívidas. “Os outros 10% podem ter espaço para acumular reservas financeiras para manter seu padrão de vida na aposentadoria”, diz ele.
Tirar a dívida da frente também evita ficar com o nome negativado em birôs de crédito, o que pode prejudicar a busca por serviços financeiros que sejam necessários no futuro.
Quem está com as contas em dia e sem dívidas, ainda que esteja apertado, poderá aproveitar o dinheiro extra para ajudar a construir sua reserva de emergência, ou seja, aquele montante que serve como uma proteção para imprevistos, como a perda de renda repentina ou alguma grande despesa extra.
Como explica Écio Costa, professor da UFPE, a reserva financeira ideal é aquela que reúne uma quantia equivalente aos gastos mensais da pessoa entre 6 e 12 meses. “É importante ter um fundo de reserva para garantir pagamento de despesas caso você perca seu emprego, tenha alguma doença ou alguma emergência de despesa elevada”.
Os produtos mais recomendados para reservas de emergência, segundo especialistas, são aqueles que remuneram pelo CDI, que por sua vez é próximo à taxa básica de juros da economia, a Selic. Aqui, entram opções de investimento como o Tesouro Selic e CDBs emitidos por instituições financeiras confiáveis.
Importante: a reserva de emergência precisa ter liquidez diária, como explica a educadora financeira Carol Stange. “Esses produtos dão à pessoa acesso imediato ao dinheiro quando precisar, e esse deve ser o primeiro passo de todo investidor”.
Quem tem reserva de emergência e está em dia com as contas consegue obter espaço para pensar na aposentadoria, como fundos de previdência privada do tipo PGBL ou VGBL, a depender do prazo de aportes e tipo de declaração de Imposto de Renda.
O dinheiro extra do 13º salário também pode ajudar na realização de sonhos, além dos gastos tradicionais de final de ano. Seja um presente especial para os filhos, seja uma viagem ou trocar de carro.
“O 13º também pode ser oportunidade de pensar em reservas que podem ser feitas para o próximo ano. E também destinar um pouco para presentes, para ceia de natal, mas lembrando que o recurso tem limitação, e que um salário a mais talvez não comporte tudo isso. Tem que fazer uma boa organização para tirar bom proveito do 13º”, alerta Écio da Costa, professor da UFPE.
Carol Stange destaca que, para quem pretende destinar os recursos do 13º salário para a realização de algum objetivo, precisa olhar mais para o prazo do que para o objetivo em si, a fim de escolher o melhor produto para investir os recursos.
“Se você quer viajar nas férias do ano que vem, é curto prazo. Se quer fazer uma reforma na sua casa ou apartamento, é a médio prazo. Se pensa em pagar uma viagem de formatura para seu filho que ainda está na escola, é longo prazo. Tem que escolher investimento que se adeque ao prazo, focando menos no produto e mais no prazo”, diz Stange.
Nesse sentido, segundo ela, o investidor pode buscar produtos de renda fixa com vencimento próximo à realização desse objetivo. Écio da Costa, da UFPE, lembra que são várias as opções.
“Quando falamos de prazos mais longos, temos fundos imobiliários (FIIs), multimercados ou fundos de ações. Em geral o que eu recomendo são fundos, porque você tem um profissional administrando esses recursos para que não tenha que se preocupar com isso”, comenta Écio.
Fonte: InvesTalk
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