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Enem aborda desigualdades educacionais no país durante a pandemia

O Enem abordou em suas questões a ampliação das desigualdades educacionais e sociais no Brasil durante a pandemia. O exame acontece neste domingo (13) com a redação e as provas de linguagens e ciências humanas.

Professores de cursinho que fizeram as provas, elogiaram a abordagem de conteúdos atuais, relevantes e que falam sobre os direitos humanos. Essas sempre foram as características do exame, o que já foi criticado e contestado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).

A avaliação é de que mais uma vez a prova resistiu às tentativas de interferência do governo.
“Os temas escolhidos reforçam valores relevantes para uma sociedade democrática e igualitária: a validação do processo eleitoral, a preservação das comunidades tradicionais, igualdade de gênero e desigualdade social”, avalia Pedro Vasconcelos, professor do cursinho Anglo Leonardo da Vinci.

Uma das questões, por exemplo, trouxe uma charge de Luiz Fernando Cazo que mostra um menino, morador da periferia, tendo dificuldades para estudar de forma remota por não ter acesso à internet.

“A prova abordou situações muito relevantes e atuais que os próprios candidatos atravessaram nesse período. Muitos alunos devem ter se identificado”, diz Vinicius Beltrão, coordenador de ensino do SAS Plataforma de Educação.

A prova também trouxe questões que trataram sobre feminicídio, pobreza e criminalidade. Houve ainda o uso de trechos de músicas de Chico Science e de Chico Buarque.

Uma das perguntas também trouxe o exemplo da skatista Rayssa Leal, a “fadinha”, trazendo uma reflexão sobre os estereótipos de gênero em relação a alguns esportes.

“A questão que abordou o skate lembrando o feito olímpico de Rayssa Leal discutiu ao mesmo tempo três inclusões: a do skate, que passou a ser esporte olímpico, a do adolescente que passou a ser protagonista nos pódios e a da mulher no skate, modalidade que por muitos anos foi dominada exclusivamente por homens”, diz Volmar Souza, professor de português da escola Marília Mattoso, de Niterói.

O primeiro dia de provas manteve a tradição de trazer textos longos, mapas e questões de interpretação, segundo candidatos que já terminaram a aplicação deste domingo.

No Uniceub, em Brasília, os primeiros candidatos começaram a sair assim que a organização da prova passou a liberá-los, as 15h30.

Em busca de uma vaga em agronomia, Bianca Freitas, 17, disse que a quantidade de textos deixou a prova cansativa.

“Era tanta coisa para ler que fui ficando vesga uma hora, tinha muito mapa também”, disse ela. “A redação foi até tranquila, pensei que seria mais difícil”, comentou.

O tema da redação deste ano também foi elogiado por educadores e estudantes por tratar sobre os “desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil”. Lideranças indígenas também comemoram a escolha, sobretudo por se dar em meio a um governo criticado pelas políticas voltadas a esses grupos.

A redação é considerada uma das partes mais importantes da prova. Entre candidatos que vão bem na parte objetiva, uma pontuação diferenciada na redação que pode garantir uma vaga.

Talles Henrique, 19, disse ter achado a proposta interessante por permitir uma visão muito ampla.

“Tema muito bom para falar do Brasil. A gente fica muito centrado na cultura de fora, dos Estados Unidos, e não preserva nosso povo, nem sabe muito sobre ele”, disse o jovem, que busca uma vaga em medicina.

Henrique ressaltou questões com textos de Machado de Assis, sobre rios e itens com mapas.
O estudante Gabriel Paiva, 17, disse que uma das questões com mapa o ajudou para escrever a dissertação. “Não sabia muito sobre o assunto, não me preparei e por isso não gostei muito do tema, apesar de ser um assunto importante.”

adminn

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